O Conclave terminou e a Igreja Católica tem um novo líder. Com a tradicional fumaça branca saindo da Capela Sistina nesta quinta-feira (8), às 13h09 pelo horário de Brasília, foi confirmada a eleição do cardeal Robert Francis Prevost como papa. Aos 69 anos, ele adota o nome Leão XIV, tornando-se o primeiro pontífice nascido nos Estados Unidos e o segundo com forte ligação com a América do Sul, após o argentino Francisco.
Prevost, cidadão peruano desde 2015, construiu grande parte de sua vida religiosa no Peru, onde foi missionário e bispo. Sua escolha representa um marco geopolítico para a Igreja: um papa com raízes na América do Norte e vivência profunda na América Latina. Ele pertence à Ordem de Santo Agostinho, um dos ramos mais antigos da Igreja, conhecido pelo compromisso com a justiça social, a vida comunitária e a valorização da razão aliada à fé.
Antes da eleição, Prevost exercia cargos estratégicos na Cúria Romana, como prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina, o que lhe garantiu proximidade com as estruturas centrais da Igreja e influência sobre as nomeações episcopais em todo o mundo.
Embora não estivesse entre os favoritos nas bolsas de apostas, sua escolha no segundo dia de votação evidencia uma preferência dos cardeais por um perfil reformista, discreto e pastoral, características também atribuídas ao papa Francisco. Prevost tem histórico de atuação ativa em temas como imigração e justiça social, alinhando-se à linha progressista da Igreja contemporânea.
O novo papa surpreendeu ao adotar um nome que não era utilizado há mais de um século. O último Leão a liderar a igreja foi XIII, entre 1878 a 1903, sendo lembrado por sua contribuição à doutrina social católica, especialmente por sua encíclica Rerum Novarum, que abordava os desafios da classe trabalhadora diante da Revolução Industrial.
Ao escolher o nome Leão XIV, o novo pontífice pode estar sinalizando uma retomada dessa tradição de engajamento com os temas sociais e com a dignidade humana. O nome também remete ao primeiro papa Leão, do século V, célebre por sua coragem ao impedir a invasão de Roma por Átila, um gesto de diplomacia e liderança lembrado até hoje em obras do Vaticano, como a pintura de Rafael no Palácio Apostólico, por onde passaram os 133 cardeais antes do conclave.
O termo “leão”, do latim leo, carrega significados como força, coragem e proteção, atributos que podem nortear o novo papado. Com esse nome, Leão XIV se junta a uma linhagem histórica: agora empatado com Clemente, Leão torna-se o quarto nome mais comum entre os papas, atrás apenas de João, Gregório e Bento.
A eleição ocorre 18 dias após a morte de Francisco. O último líder estrangeiro a encontrar o antigo papa em vida foi o atual vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, em um encontro reservado no Vaticano, no domingo de Páscoa, 20 de abril.
A partir de agora, a atenção do mundo se volta para a Praça de São Pedro, onde Leão XIV inicia seu pontificado com a expectativa de dar continuidade às reformas iniciadas por seu antecessor, manter os laços com as Américas e renovar o diálogo da Igreja com os desafios do século XXI.

