Um ano após a enchente histórica no Rio Grande do Sul, pelo menos 17.495 famílias seguem à espera de novas moradias. Os dados referem-se a cadastros feitos por Prefeituras e encaminhados aos Governos Estadual e Federal; somando os registros dos dois entes, a demanda total por habitação chega a 19.223 unidades.
A única iniciativa com entregas até o momento é o programa Compra Assistida, do Governo Federal, que contemplou 1.728 famílias com imóveis prontos, adquiridos com recursos da Caixa Econômica Federal. Outras 2.224 famílias aguardam trâmites para assinatura de contrato e mudança.
O Governo Federal estima ter recursos para investir em até 24,8 mil moradias, com cerca de R$4,9 bilhões reservados. Além do Compra Assistida, está em andamento a construção de 10 mil unidades habitacionais pelo Minha Casa, Minha Vida Reconstrução, em dez municípios. No entanto, nenhuma dessas moradias foi entregue até agora.
Pelo lado do Estado, há previsão de entrega de 2.235 casas até o fim de 2026, em 39 municípios, por meio do programa A Casa é Sua — Calamidades. As primeiras unidades estão em construção em cidades como Santa Tereza, Encantado, Estrela e Lajeado. Há ainda dificuldades relacionadas à obtenção de terrenos aptos à construção.
Além disso, o Estado lançou o programa Porta de Entrada, que subsidia com até R$20 mil a entrada de financiamentos habitacionais para famílias com renda de até cinco salários mínimos. Mais de 4 mil contratos já foram firmados, a maioria em municípios afetados pela enchente.
A habitação segura tornou-se eixo central da reconstrução do RS, escancarando um problema antigo e estrutural: o déficit habitacional aliado à ocupação de áreas de risco. Enquanto novas soluções são estudadas e viabilizadas, milhares de famílias seguem sem um lar definitivo.