Com menos de um terço da população vacinada contra a gripe, RS pode decretar calamidade na saúde

Foto: Neimar De Cesero/Agência RBS

A Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul acendeu sinal de alerta diante da crescente pressão sobre o sistema de saúde por conta do aumento expressivo das internações por síndromes respiratórias. O avanço dos casos, aliado à baixa adesão à vacinação contra a gripe, levou o governo estadual a considerar a decretação de calamidade pública na saúde.

Atualmente, o Estado registra cobertura vacinal de apenas 29,28% contra o vírus influenza, número bem abaixo da meta de 90% estipulada para os grupos prioritários. Entre os idosos, o índice chega a apenas 35%. A situação é ainda mais crítica entre as crianças, com 14% vacinadas, e gestantes, com 17%. A baixa procura persiste mesmo com doses disponíveis em todos os municípios e campanhas de conscientização em andamento.

A Secretária da Saúde, Arita Bergmann, afirma que a decretação de calamidade permitirá ao Estado acessar recursos federais específicos para ampliação de leitos de UTI e suporte ventilatório, especialmente em casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Os recursos também possibilitam a aquisição de insumos e a contratação emergencial de serviços de saúde.

Enquanto o Estado avalia essa medida, Porto Alegre já decretou situação de emergência em saúde pública na sexta-feira (16), com validade de 90 dias. A capital enfrenta superlotação hospitalar, com 101% de ocupação nos leitos do Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente em instituições de alta complexidade como Hospital de Clínicas, Santa Casa, São Lucas, HPS e Cristo Redentor. De acordo com dados oficiais, 406 internações são atribuídas a quadros de síndrome respiratória.

Para conter a propagação do vírus e reduzir a demanda por internações, a Secretaria Estadual da Saúde ampliou a campanha de vacinação contra a gripe para toda a população acima de seis meses de idade a partir de quinta-feira (15). Um novo lote de 703 mil doses está sendo distribuído aos municípios. 

A baixa cobertura vacinal no Rio Grande do Sul reflete uma tendência nacional de queda na adesão a campanhas de imunização. Desde a pandemia da COVID-19, autoridades de saúde identificam um crescimento da desinformação e do desinteresse em relação às vacinas, o que também impacta outras imunizações, como contra o sarampo e a poliomielite.

Especialistas alertam que, embora a vacina contra a gripe não impeça completamente a infecção, ela reduz significativamente a gravidade dos sintomas e o risco de hospitalização, sendo uma ferramenta essencial para aliviar a pressão sobre o sistema de saúde em períodos de alta sazonal.

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