A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou, nesta terça-feira (6), a Operação Litus, com foco em desarticular uma facção criminosa com atuação na Região Metropolitana, Litoral Norte e interior de Santa Catarina. Um dos principais esquemas descobertos foi a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas por meio da compra e locação de imóveis via plataformas como o Airbnb.
Segundo dados fornecidos pela Polícia Civil, o grupo criminoso, originário da zona leste de Porto Alegre, usava “laranjas” sem antecedentes criminais para adquirir imóveis em cidades como Capão da Canoa e Tramandaí. Essas propriedades eram reformadas e colocadas para aluguel de temporada. Em diálogos interceptados pela investigação, um dos integrantes afirma faturar até R$2 mil por dia com a locação de quatro casas. Já um dos líderes da facção estimava um lucro mensal de R$150 mil com os imóveis.
Ao todo, foram cumpridos 75 mandados judiciais, sendo 13 de prisão preventiva, nos municípios de Canoas, Alvorada, Portão, Tramandaí, Imbé, Capão da Canoa, e nas cidades catarinenses de Palmitos e São José. A operação contou com a participação de cerca de 150 agentes. Até o início da manhã, 11 pessoas foram presas e três veículos blindados, apreendidos.
O Delegado Gustavo Bermudes, da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) de Canoas, destacou que, além do tráfico e da lavagem de dinheiro, o grupo também comercializava armas de alto poder destrutivo, incluindo um lança-foguetes antitanque M72 Law, utilizado em conflitos militares. Vídeos mostrando armas e munições eram compartilhados pelos criminosos em conversas de celular.
As investigações revelaram ainda que a facção comprou um terreno em um condomínio de luxo em Tramandaí, onde vivem autoridades públicas, como o Vice-Governador Gabriel Souza. A propriedade foi registrada em nome da esposa de um dos líderes, com a intenção de construir e, posteriormente, alugar a residência. Segundo a Polícia, não há indícios de que os criminosos soubessem da presença das autoridades no local.
A investigação começou há um ano, em Osório, com a prisão de dois indivíduos armados. A partir dali, a Draco desvendou o esquema multifacetado da facção, que também praticava agiotagem e extorsão violenta de devedores.
O Delegado regional Cristiano Reschke afirma que a operação representa um “duro golpe no crime organizado”. Imóveis, veículos e bens de luxo dos investigados estão sendo bloqueados e confiscados judicialmente.













