Um estudo coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), e divulgado pela reportagem de GZH, indica que as mudanças climáticas devem tornar eventos extremos como a enchente de maio de 2024 no Rio Grande do Sul até cinco vezes mais frequentes nas próximas décadas. A pesquisa, elaborada ao longo de um ano com apoio de universidades e órgãos federais, aponta também que a intensidade das chuvas tende a aumentar entre 6% e 9%, e a magnitude das vazões dos rios da região pode crescer em torno de 20%.
O trabalho destaca a necessidade de ações urgentes para tornar o Estado mais resiliente, com foco em medidas estruturais e não estruturais. Entre elas estão o fortalecimento do monitoramento hidrometeorológico, o mapeamento de áreas de risco, a criação de planos de evacuação e campanhas de conscientização da população. Em Porto Alegre, por exemplo, cerca de 40% dos atingidos pela enchente de 2024 desconheciam que viviam em áreas inundáveis.
Além disso, o estudo aponta falhas nos sistemas de contenção construídos entre as décadas de 1960 e 1980, que não resistiram ao volume de água registrado no desastre. Para enfrentar novos eventos, estão previstas grandes obras financiadas com recursos federais, como diques em Eldorado do Sul e intervenções nas bacias dos rios dos Sinos e Gravataí. Os especialistas alertam, no entanto, que essas obras devem ser integradas a estratégias mais amplas de prevenção, manutenção e educação ambiental.
A tragédia de 2024 afetou mais de 2,4 milhões de pessoas em 478 municípios, resultando em 183 mortes, milhares de desabrigados e prejuízos bilionários.