O Vaticano se prepara para um dos momentos mais importantes da Igreja Católica: a escolha do próximo papa. Nos próximos dias, 135 cardeais com menos de 80 anos — e, portanto, com direito a voto — se reunirão na Capela Sistina para iniciar o conclave que definirá o novo líder da Igreja, após o fim do pontificado de Francisco.
O processo, que costuma despertar a atenção mundial, é cercado de especulações e análises, especialmente em torno dos chamados papabili — cardeais apontados como fortes candidatos ao papado. Embora haja uma longa tradição de surpresas nesse tipo de eleição, alguns nomes surgem com frequência em listas elaboradas por especialistas, veículos de imprensa e casas de apostas.
Entre os favoritos, destacam-se figuras com trajetórias ligadas às reformas iniciadas por Francisco e ao fortalecimento do diálogo inter-religioso e das ações sociais. Confira abaixo alguns dos principais nomes mencionados.
- Pietro Parolin (Itália): Secretário de Estado do Vaticano desde 2013. É considerado o número dois da Santa Sé, com forte atuação diplomática e administrativa.
- Matteo Maria Zuppi (Itália): Arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana. Tem forte ligação com Francisco e atua em mediações internacionais, como na guerra da Ucrânia.
- Pierbattista Pizzaballa (Jerusalém): Patriarca Latino de Jerusalém. Destaca-se pelo trabalho inter-religioso no Oriente Médio e pela atuação durante os conflitos na região.
- Luis Antonio Tagle (Filipinas): Pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização. É conhecido por sua atuação em causas sociais e pelos direitos humanos na Ásia.
- Jean-Marc Aveline (França): Arcebispo de Marselha. Sua atuação é marcada pela defesa dos imigrantes e pelo diálogo com outras religiões.
- José Tolentino de Mendonça (Portugal): Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação. É poeta, teólogo e tem forte perfil intelectual, alinhado à ala progressista da Igreja.
- Péter Erdő (Hungria): Arcebispo de Esztergom-Budapeste. Tem perfil conservador e é reconhecido por sua atuação na nova evangelização e no diálogo com as igrejas ortodoxas.
- Robert Sarah (Guiné): Ex-prefeito da Congregação para o Culto Divino. Conhecido por sua defesa da liturgia tradicional e valores doutrinários conservadores.
- Fridolin Ambongo Besungu (República Democrática do Congo): Arcebispo de Kinshasa. Destaca-se por seu papel em defesa da paz e da justiça social na África.
A composição do atual Colégio de Cardeais revela uma Igreja mais diversa: dos 135 eleitores, 108 foram nomeados por Francisco, 22 por Bento XVI e cinco por João Paulo II. A maioria dos cardeais vem da Europa, seguida por Ásia, América do Sul, África, América do Norte, América Central e Oceania. Essa diversidade geográfica e cultural amplia as possibilidades de escolha e dificulta previsões sobre o resultado do conclave.
Historicamente, há uma alternância entre papas com perfis mais carismáticos e midiáticos e outros mais reservados e voltados à reflexão teológica. Esse padrão, segundo estudiosos do Vaticano, pode influenciar na escolha do novo pontífice, embora o foco pareça recair sobre a continuidade das reformas promovidas na última década.
Entre os cardeais brasileiros, desta vez, não há nomes considerados entre os principais cotados. Ainda assim, especialistas destacam Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador, como um dos nomes com maior relevância no cenário atual, especialmente por integrar o Conselho de Cardeais, grupo restrito que assessora diretamente o papa.
Com a sucessão de Francisco em pauta, os próximos dias prometem intensas movimentações e decisões que poderão redefinir os rumos da Igreja Católica. A expectativa global se volta para Roma, onde se desenha o futuro espiritual e institucional de mais de 1,3 bilhão de fiéis ao redor do mundo.


