O Papa Francisco faleceu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, em sua residência oficial no Vaticano. O anúncio foi feito pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Santa Sé. Jorge Mario Bergoglio, nome de nascimento do pontífice, entrou para a história como o primeiro Papa latino-americano e o primeiro jesuíta a liderar a Igreja Católica.
O religioso vinha enfrentando graves problemas de saúde nos últimos anos, especialmente de ordem respiratória. Em fevereiro de 2025, ele foi internado no Hospital Gemelli, em Roma, após novo quadro de bronquite. Durante o período, apresentou crises respiratórias prolongadas, insuficiência renal leve e anemia, tendo necessidade de transfusões sanguíneas e ventilação mecânica não invasiva. Apesar de um breve período de melhora e participações públicas recentes, o estado de saúde foi considerado reservado até sua morte, registrada às 7h35 desta manhã.
Francisco foi diagnosticado com pneumonia em ambos os pulmões no início do ano, o que levou a uma internação de quase 40 dias. O Vaticano classificou a infecção como complexa, provocada por múltiplos microrganismos. Mesmo diante da fragilidade física, o Papa manteve compromissos religiosos e chegou a gravar uma mensagem aos fiéis, agradecendo pelas orações recebidas durante sua internação.
Nascido em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, na Argentina, Francisco foi eleito Papa em 13 de março de 2013, após a renúncia de Bento XVI. Com formação em química e trajetória na vida acadêmica, Francisco também foi reitor e doutor em teologia. Foi ordenado sacerdote em 1969 e, posteriormente, nomeado arcebispo de Buenos Aires e cardeal, ainda durante o pontificado de João Paulo II.
A morte de Francisco encerra um papado de 12 anos marcado por mudanças, proximidade com os fiéis e um firme posicionamento diante de temas sociais contemporâneos. O Vaticano deve iniciar nos próximos dias os ritos previstos para o funeral de um pontífice, incluindo o conclave para escolha de seu sucessor.
Última Aparição
O Papa Francisco apareceu pela última vez em público durante a celebração da Páscoa no Vaticano, neste domingo (20). Embora não tenha presidido a Missa de Páscoa, Francisco acenou para a multidão e pediu a um de seus assessores que lesse sua mensagem, na qual expressou solidariedade aos povos de Israel e Palestina e pediu esforços pela paz. A presença do Papa, visivelmente debilitado, foi marcada por grande comoção entre os fieis, que o aplaudiram e lhe desejaram forças para a recuperação.
Legado
Durante seu pontificado, o Papa Francisco consolidou uma imagem progressista, marcada pelo compromisso com a justiça social, a defesa dos pobres e a busca por uma Igreja mais acolhedora. Entre suas principais iniciativas, destacam-se as reformas internas voltadas à transparência financeira e ao combate à corrupção na Cúria Romana, além do enfrentamento firme aos casos de abuso sexual no clero.
Francisco também liderou importantes avanços no diálogo com diferentes segmentos da sociedade, como a recente abertura para a admissão de homens gays celibatários nos seminários e sua postura receptiva em relação à comunidade LGBTQIA+. No campo internacional, atuou como mediador em questões diplomáticas, como a reaproximação entre os Estados Unidos e Cuba, e defendeu ativamente o acolhimento de refugiados.
No âmbito ambiental, seu papado foi marcado pela publicação da encíclica Laudato Si’, um chamado à consciência global sobre os impactos da degradação ambiental e à necessidade urgente de preservar o planeta para as futuras gerações.
Relação com o Brasil
A primeira viagem internacional do Papa Francisco foi para o Brasil, em julho de 2013, quando participou da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro. A visita atraiu mais de 3,5 milhões de fieis à Praia de Copacabana. Durante o evento, Francisco fez um apelo à fé, esperança e amor, convidando os jovens a construir suas vidas “sobre a rocha” desses pilares.
Essa visita ao Brasil marcou o início de um pontificado dedicado ao diálogo com as juventudes e à promoção de valores cristãos em um mundo contemporâneo. A Jornada Mundial da Juventude no Rio ficou marcada como um dos maiores encontros de fé do mundo, onde o Papa reafirmou seu compromisso com os jovens e sua visão de uma Igreja voltada para os marginalizados e excluídos.
Últimas semanas de vida
Após sua hospitalização, o Papa Francisco seguiu um rigoroso regime de convalescência, reduzindo suas atividades públicas e se concentrando em cuidados médicos. Sua última aparição foi vista como um gesto de perseverança e fé, já que ele enfrentava dificuldades respiratórias significativas. Francisco dedicou seu tempo a refletir sobre as necessidades do mundo, utilizando sua plataforma para fazer apelos por paz, justiça e humanidade. Sua morte representa o fim de uma era de transformação dentro da Igreja Católica e do pontificado mais progressista da história recente.


