A morte do Papa Francisco nesta segunda-feira (21) abre oficialmente um período conhecido como Sé Vacante, momento em que a Igreja Católica permanece sem um pontífice e inicia os protocolos que culminarão na escolha de seu novo líder. Francisco, que tinha 88 anos, esteve à frente da Igreja por 12 anos, sendo o primeiro Papa latino-americano e reconhecido por sua postura humilde e reformadora.
Durante esse período de transição, o governo da Igreja fica a cargo do camerlengo — atualmente, o cardeal irlandês Kevin Joseph Farrell — que coordena os trabalhos administrativos e organiza o Conclave, processo de eleição do novo papa. A maior parte da cúpula do Vaticano perde suas funções, e decisões importantes passam a ser responsabilidade do Colégio dos Cardeais.
Como é feito o funeral?
O funeral do papa segue a “Ordem das Exéquias do Sumo Pontífice”, documento litúrgico aprovado por Francisco em 2024. A primeira cerimônia ocorre com a missa de sufrágio, hoje às 14h pelo horário de Brasília, na Basílica de São João de Latrão, seguida pela constatação oficial da morte pelo camerlengo.
O corpo será colocado em um caixão simples de madeira com revestimento interno de zinco e será velado na Basílica de São Pedro. Francisco dispensou os três caixões tradicionalmente usados (cipreste, chumbo e carvalho), demonstrando novamente sua preferência pela simplicidade.
Ao contrário dos papas anteriores, ele será enterrado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma — local significativo para Francisco, que costumava visitar a igreja antes e após suas viagens apostólicas.
Durante os novendiales — nove dias de luto e orações — missas serão celebradas consecutivamente pela alma do pontífice.
Quando começa a escolha para o novo papa?
O Conclave começa entre 15 e 20 dias após a morte do papa. Antes disso, o Colégio dos Cardeais se reúne nas chamadas “Congregações Gerais”, onde discutem questões internas da Igreja e definem a data e os detalhes do processo eleitoral.
Dos 252 cardeais atuais, 138 têm menos de 80 anos e estão aptos a votar, incluindo sete brasileiros: Leonardo Ulrich Steiner, João Braz de Aviz, Paulo Cezar Costa, Orani Tempesta, Odilo Scherer, Jaime Spengler e Sérgio da Rocha.
Quem governa a Igreja neste período?
Durante a Sé Vacante, o camerlengo administra o Vaticano e conduz os ritos de transição. Ele não tem autoridade para tomar decisões doutrinárias ou realizar mudanças profundas. Além dele, alguns cargos permanecem ativos:
- Penitenciário-Mor (tribunal de indulgências);
- Vigário-Geral para a Diocese de Roma;
- Arcipreste da Basílica de São Pedro;
- Vigário-Geral para a Cidade do Vaticano;
- Esmoleiro Apostólico (que atua em nome da caridade do papa).
Já os líderes dos Dicastérios da Cúria Romana e o Secretário de Estado deixam seus cargos temporariamente.
Como funciona o Conclave?
Os cardeais reunidos no Conclave permanecem isolados na Capela Sistina, sem contato com o mundo exterior. Eles participam de até quatro votações por dia. Para ser eleito, um cardeal deve obter dois terços dos votos.
Se após 34 votações não houver consenso, os dois mais votados disputam um segundo turno — ainda com a exigência de dois terços dos votos para a eleição. Ao ser eleito, o novo papa escolhe um nome e veste as vestes papais na chamada “Sala das Lágrimas”.
Ele é então apresentado ao mundo pela tradicional frase “Habemus Papam” da sacada da Basílica de São Pedro.
Quais os significados das fumaças?
A fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina indica o resultado das votações. Fumaça preta significa que ainda não há um novo papa; a branca, que a eleição foi concluída com sucesso.
As cores são obtidas pela queima de votos misturados a compostos químicos específicos, e o anúncio oficial é acompanhado pelo toque dos sinos da Basílica de São Pedro.